domingo, 26 de outubro de 2014

AGORA QUE A TORMENTA PASSOU...


 
Quem me acompanha há mais tempo, sabe que NUNCA me viu falar de política na internet antes do lançamento do “Mais Médicos”, onde toda uma classe profissional, a minha, foi covardemente responsabilizada pelo caos da saúde no país; caos cuja culpa é de um governo que, verdade seja dita, não dá A MÍNIMA para esse assunto. Como profissional há 25 anos, 15 deles em hospital público, vendo agora gente sofrer e até morrer graças à inaptidão de pessoas infiltradas no sistema pelo governo, como parte de um projeto asqueroso de doutrinamento ideológico e lavagem de dinheiro, me senti na obrigação de me manifestar, protestando e denunciando. Pela primeira vez, naquele tempo, escrevi aqui a frase ‘FELIZ ELEIÇÃO EM 2014!”, fato que se repetiu quase diariamente até o dia de hoje.

Com o tempo, as coisas se desdobraram: o partido oficial se revelou como um bando criminoso, uma verdadeira máfia, envolvida em todo tipo de ilícito possível, blindada por trás da impunidade proporcionada pelo aparelhamento da máquina pública em seus 3 poderes, parte de um projeto de poder eterno. Foi aterrador perceber como o mecanismo de aliciamento psicológico dessa corja não difere em NADA do processo de inculcação que origina os fanáticos religiosos, atados por correntes pesadas a uma suposta “verdade”, incapazes de raciocinar fora dela. Mudou (e evoluiu) meu conceito de “inteligência” ao avaliar as pessoas. A luta contra essa egrégora estimuladora da inércia, aniquiladora da liberdade do espírito humano, em consequência, se ampliou. Mesmo não enxergando um candidato ideal, optamos pelo “menos pior” (com diferença considerável!).

Lamentável foi ter de descer tantas vezes o debate ao nível dessas pessoas, ao perceber que, muitas vezes, é a língua que muita gente (que pretendíamos atingir) compreende. No fim, chegou a parecer que eles seriam derrotados.
 
Não foram. E pensando melhor, isso é O QUE FAZ SENTIDO. Digo mais, 48% de rejeição para esse governo baixo, incompetente, mesquinho, é um excelente resultado! Um povo sem educação (estou falado de escola) escolhe seus dirigentes a partir de critérios primários, imediatistas, estreitos, e foi o que esse governo deu a eles. Basta ver o mapa final: vitória absoluta do PT nos bolsões de pobreza e ignorância, vitória relativa nos estados mistos, derrota nos estados com melhor educação e esclarecimento. Com raras exceções, sim, mas a regra salta aos olhos. Bem havia me advertido um amigo: “no meu rancho de pesca, no extremo norte de Minas, ninguém liga para corrupção, para inflação, para nada disso. Todos vivem de bolsa-pescador, e enquanto isso continuar, vão votar neles.” Cabe também destacar uma frase que está rolando na internet, atribuída a Orson Scott Card: “se os porcos pudessem votar, o homem com o balde de comida seria eleito sempre, não importa quantos porcos ele já tenha abatido no recinto ao lado.” E é esta a dura verdade.

Não vou contabilizar aqui os 20% de abstenções na eleição, ainda que o (único) valor disso seja o alerta para o descrédito dos nossos políticos, já que um em cada cinco brasileiros não votou. Não contam os omissos, que por ignorância dão pouco valor à discussão política, pois ela influencia diretamente suas vidas. Não contam os que adotam aquela postura “blasé”, de que “não voto em nenhum dos dois, porque considero que nenhum me representa”. De pé sobre seu pequeno Monte Olimpo, não percebem que quem não se posiciona dentro da realidade que o cerca, por bem ou por mal, é um zero dentro da História, perde o direito de se queixar dos efeitos, e acaba como aqueles dejetos humanos, tão desagradáveis, com que nos deparamos muitas vezes no mar em torno de nossas praias: vão para cá e para cá, inertes ao sabor das marés, até serem jogados por uma onda mais eficaz na areia da praia, onde estão fadados a serem sepultados eternamente. Não conta a chamada “esquerda-caviar”, que sente prazer numa postura “ideológica” absolutamente desvinculada do que são e de como agem, que em sua suposta “intelectualidade” nada mais são que outras reses marcadas a ferro quente com o brasão da ideologia; uma rês é igual a outra rês, ainda que só uma delas tenha diploma. Seus números, no total computado, está longe de fazer diferença. O “protesto” da abstenção é fraco, só tem efeito momentâneo.

 Já os 48% de rejeição, inéditos nas eleições deste país, esses dizem muito! Dilma parece ter “sentido o golpe”, em seu primeiro discurso pós-reeleição, ao falar em “diálogo e conciliação”. Indica que, a despeito da exploração da miséria (material e psicológica), do uso da pesada máquina pública, do jogo ardiloso das falácias, factoides e ardis herdados do totalitarismo, eles QUASE perderam. E quero crer que a oposição também tenha se dado conta disso, e percebido que não basta uma campanha eleitoral, é necessária uma postura opositora ATIVA, contundente, constante, porque, a despeito disso, eles QUASE ganharam. Uma postura mais ativa e corajosa poderia ter feito diferença.
 
Quanto a mim? Foi mais de um ano de “FELIZ ELEIÇÃO EM 2014!” Vejo amigos e colegas deprimidos, raivosos, chorosos, e (me desculpem a sinceridade) acho graça nisso, porque sei que minha vida, e a vida da maioria absoluta deles, não vai mudar significativamente. Em nada. Tentamos fazer um Brasil melhor pela sinceridade de nosso amor a este país, um país melhor para os menos favorecidos, porque estes SIM, vão passar por maus bocados a perseverar o atual rumo das coisas. Um país melhor para nossos filhos. E para os filhos deles, mais que tudo, porque diferentemente dos nossos, dificilmente poderão dar “uma banana” e sair daqui em condições dignas, em último caso. Tentamos, mas, apesar de nosso empenho sincero, fomos pequenos diante da enormidade da máquina perversa de domínio, e da obtusidade de tantos que poderiam ajudar, mas optaram por aderir ao discurso oficial. O mais difícil, confesso, vai ser aguentar mais quatro anos dessa imbecilidade de “presidentA”.

Mas serão quatro anos, para mim, de paz de espírito. Porque não compactuei com um esquema inédito e monstruoso de corrupção que espolia os recursos do país. Não aplaudi criminosos como heróis. Porque não virei o rosto para o outro lado diante da mentira mal intencionada, do alinhamento com ditaduras desumanas, do bolivarianismo insidioso, de crimes mais graves, como assassinato e o mais cruel descaso para com a vida dos menos favorecidos. Não fui cúmplice da impostura, da perversidade nem do embuste, porque não foi o que aprendi em casa, nem na vida. Fui patriota. Fui honesto ao fazer o que estava ao meu alcance, e preservei meu direito de cobrar, de denunciar, de reivindicar, com a fronte alta, olho no olho. Parabéns a vocês, que lutaram a boa luta. Paz. Vou agora (enfim!) voltar ao que interessa: minha família, meu trabalho, meus escritos. Fiquem por aí, sentem, relaxem e se divirtam. Mas, só para que a canalhada não ache que nossos olhos estão de todo fechados, fica meu recado final: “FELIZ ELEIÇÃO EM 2018!” Inté!